quarta-feira, 15 de abril de 2009

VENTO NOTURNO




Volúpia do vento noturno,
do vento que vem das montanhas e das ondas,
do vento que espalha no espaço o cheiro das resinas,
a exalação da maresia e do mato virgem,
das mangas maduras,
das magnólias e das laranjas,
dos lírios do brejo e das praias úmidas.

Volúpia do vento noturno nas noites tropicais,
quando o brilho das estrelas é fixo, duro,
quando sobe da terra um hálito quente, abafado,
e a folhagem lustrosa lembra o aço polido.


Volúpia do vento morno do verão,
carregado de odores excitantes,
como um corpo de mulher adolescente,
de mulher que espera o momento do amor...

Volúpia do vento noturno em minha terra natal!


Publicado no livro Epigramas Irônicos e Sentimentais (1922).In: CARVALHO, Ronald de. O espelho de Ariel e poemas escolhidos. Pref. Antônio Carlos Villaça. Rio de Janeiro: Nova Aguilar; Brasília: INL, 1976. p.173. (Manancial, 44)

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