quarta-feira, 15 de abril de 2009

A SEMANA DE ARTE MODERNA



A Semana de Arte Moderna de 22, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, contou com a participação de escritores, artistas plásticos, arquitetos e músicos.



Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade com "a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual", como informava o Correio Paulistano a 29 de janeiro de 1922.



A produção de uma arte brasileira, afinada com as tendências vanguardistas da Europa, sem contudo perder o caráter nacional, era uma das grandes aspirações que a Semana tinha em divulgar.


Os anos precursores

A enumeração de alguns eventos que direta ou indiretamente motivaram a realização da Semana:
1911 – Publicação do jornal O Pirralho (caricaturas e irreverências), sob a direção do paulista Osvald de Andrade e do paranaense Emílio de Menezes.
1912 – Oswald de Andrade retorna da Europa, impregnado do Futurismo de Marinetti, e afirmando que “estamos atrasados cinqüenta anos em cultura, chafurdados ainda em pleno Parnasianismo”.
1913 – Lasar Segall, pintor lituano, realiza “a primeira exposição de pintura não acadêmica em nosso país”, nas palavras de Mário de Andrade.
1914 – Primeira exposição de pintura de Anita Malfati, que retorna da Europa trazendo influências pós-impressionistas.
1915 – Organização da revista Orpheu, com manifestos e poemas do Modernismo português, por Luís de Montalvor, chanceler da Legação Portuguesa, e Ronald de Carvalho, futuro participante da Semana.
1917 – Mário de Andrade e Oswald de Andrade, os dois grandes líderes da primeira geração de nosso Modernismo, tornam-se amigos.

Publicação de Há uma Gota de Sangue em cada Poema; livro de poemas de Mário de Andrade, que utilizou o pseudônimo Mário Sobral para assinar essa obra pacifista, protestando contra a Primeira Guerra Mundial.

Publicação de Moisés e Juca Mulato, poemas regionalistas de Menotti del Picchia, que conseguem sucesso junto ao público.

Publicação de A Cinza das Horas, de Manuel Bandeira.

Segunda exposição de Anita Malfati, exibindo quadros expressionistas, criticados com dureza por Monteiro Lobato, no artigo Paranóia ou Mistificação, publicado no jornal O Estado de S. Paulo.
1919 – Publicação de Carnaval, de Manuel Bandeira, já com versos livres.
1920 – Oswald de Andrade descobre Victor Brecheret, escultor que se aperfeiçoara em Roma e que expõe a maquete do Monumento às Bandeiras, entusiasmando os jovens intelectuais.
1921 – Banquete no palácio do Trianon, em homenagem ao lançamento de As Máscaras, de Menotti del Picchia. Oswald de Andrade faz um discurso, afirmando a chegada da revolução modernista no Brasil.

Exposição de quadros de Vicente do Rego Monteiro, em Recife e no Rio de Janeiro, explorando a temática indianista.

Mostra de desenhos e caricaturas de Di Cavalcanti, denominada Fantoches da Meia-Noite, na cidade de São Paulo.

Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Cândido Mota Filho e Mário de Andrade divulgam o Modernismo em revistas e jornais.

Oswald de Andrade publica um artigo sobre os poemas de Mário de Andrade, intitulando-o O Meu Poeta Futurista. A partir de então, apesar da recusa de Mário de Andrade em aceitar a designação, a palavra futurismo passa a ser utilizada indiscriminadamente para toda e qualquer manifestação de comportamento modernista, em tom na maioria das vezes pejorativo. Em contrapartida, os modernistas chamam de passadistas os defensores da tradição em geral.



Como foi a Semana e sua repercussão

· Correio Paulistano publicou a notícia, em 29/01/1922, divulgando a realização da Semana, em tom neutro.

· Em 22/2/1922, o jornal A Gazeta publicou notícia sobre a realização da Semana em tom crítico.

· Comissão organizadora: Paulo Prado, Alfredo Pujol, Oscar Rodrigues Alves, René Thiollier.

· Participantes:

Música: Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novaes e Ernâni Braga.
Literatura: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Ronald de Carvalho, Menotti del
Picchia, Guilherme de Almeida, Plínio Salgado, Sérgio Milliet, Afonso Schimidt, Graça Aranha.
Pintura: Anita Malfati, Di Cavalcanti.
Escultura: Victor Brecheret
· Teatro Municipal, cujo público burguês e aristocrático se acostumara às operas estrangeiras, transformaou-se em palco de momentos de algazarra e de total confusão que configuram o “choque” provocado pelos modernistas.

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